29 junho, 2011

Família

Pai Virtual também é pai

Um estudo sugere que as conversas em vídeo entre pais e filhos pela internet podem compensar a distância física - sem causar ansiedade nas crianças.

Para os pais, conversar com a família por videoconferência lembra os Jetsons. Para os filhos, não causa espanto. È como se os adultos estivessem ao lado deles. Uma pesquisa da Universidade de Swinburne, de Melbourne, na Austrália, mostrou que crianças que conversam com os pais por videochat sentem menos a ausência deles. As menores acham até que a mãe está presente. O objetivo do estudo era responder a uma questão que ronda a cabeça de pais que viajam ou passam o dia fora: falar com as crianças por vídeo , por meio do computador, pode aumentar a saudade em vez de reduzi-la? "Muitos pais de crianças menores acham que elas podem ficar ansiosas se eles aparecerem, mas foram justamente os pequenos que reagiram melhor", diz Joanne Tarauik, a pesquisadora que coordenou o estudo. Crianças de mais de 2 anos percebem que os pais não estão fisicamente presentes, mas, mesmo assim, dão sinais de estar mais tranquilas e seguras depois de conversar. 
O resultado mais surpreendente aconteceu com as crianças com menos de 1 ano e meio. Nessa idade, a presença virtual é sentida como se fosse real. Os pesquisadores deixaram os bebês sozinhos em quartos com brinquedos e notaram que, sem ninguém, eles ficavam inseguros, alguns choravam e ignoravam os bichinhos de pelúcia. Quando um laptop era colocado na sala com a imagem e a voz de um dos pais, interagindo, o comportamento dos bebês mudava completamente. Eles passaram  a agir como se os pais estivessem na sala. " A confiança com a presença virtual é a mesma que com a real", diz Joanne. "O resultado mostra que é possível manter um laço mesmo estando distante". O estudo envolveu 41 crianças de 0 a 9 anos e durou 18 meses. O benefício de falar virtualmente vais além do momento da conversa - e se prolonga até o reencontro. As crianças que viam seus pais com regularidade pelo computador ficavam menos ansiosas do que aquelas que não tinham nenhum contato com eles. Os filho tiveram sessões de brincadeiras ao vivo com os pais, seguidas de períodos de ausência. No tempo em que os adultos estavam "fora", os pequenos podiam falar com eles pelo vídeo durante breves intervalos. O grupo que não teve contato virtual ficou mais inseguro com a situação.
Para a psicopedagoga Silva Amaral, coordenadora da Elipse Clínica Multidisciplinar, de São Paulo, a presença dos pais em vídeo é importante porque a criança pode ver a expressão facial. "Esse contato olho no olho tranquiliza a criança. Ela percebe que está tudo bem pela nossa expressão, mesmo quando não sabem falar", diz ela. 
Silvia, porém, afirma que nada substitui a presença física. O vídeo atenua a ausência, mas a criança precisa do toque, do cheiro e do calor dos pais" afirma. "O vídeo é melhor do que o telefone, mas certamente perde para a presença real".   


Fonte: Revista Época.

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