28 junho, 2011

Longevidade
Relaxe... e viva menos
Afinal, crianças preocupadas têm mais chance de chegar aos 90. Essa é uma das teses provocativas levantadas por um novo estudo sobre longevidade.

Em setembro de 1921, uma menina inteligente chamada Patrícia e seu colega John foram retirados da sala de aula em São Francisco pelo psicólogo Lewis Terman, da Universidade Stanford. Ele estava interessado em entender quais fatores contribuem para o sucesso intelectual e pediu que o professor selecionasse os melhores alunos. Retrucou 1.500 crianças. Nas décadas seguintes, Terman e seus seguidores coletaram detalhes preciosos sobre o grupo: quantidade de atividade física, amamentação, hábitos alimentares, satisfação no emprego, no casamento e na vida sexual etc. Oitenta anos depois do primeiro encontro com o psicólogo, Patrícia e John viviam com saúde. Qual era o segredo dele?
Essa pergunta motivou a pesquisa dos psicólogos Howard S. Friedman e Leslie Martin, da Universidade da Califórnia. Desde os anos 90 eles investigam o destino da cada um daqueles 1.500 garotos espertos. O objetivo é entender como e por que alguns morreram precocemente enquanto outros se tornaram tataravôs. A história da pesquisa incomum que durou 80 anos e as mais recentes conclusões estão no livro The Longevity Project (Editora Penguin), publicado neste mês nos Estados Unidos e sem previsão de lançamento no Brasil. Friedman e Leslie desafiam o senso comum. Para viver mais é preciso evitar o estresse e as preocupações? Segundo a dupla, crianças preocupadas e menos otimistas chegaram aos 90 anos justamente porque cuidaram mais da saúde ao longo dos anos e buscaram relacionamentos mais satisfatórios. Trabalhar demais faz mal? De acordo com o livro, os sujeitos mais produtivos e comprometidos com o trabalho foram os que viveram mais. Casar prolonga a vida? Isso foi verdade apenas para os homens que eram felizes no casamento.
Eles viveram mais que os separados. Para o sexo feminino, o casamento feliz não teve impacto sobre a longevidade. Mulheres satisfeitas com o marido viveram tanto quanto as divorciadas ou as viúvas.
"Nossa sociedade gasta uma fortuna com dietas da moda, remédios e outras soluções passageiras que podem ajudar, mas trazem pouco ou nenhum benefício quando o objetivo é prolongar a vida", diz Friedman. Segundo ele, uma conjunção de fatores explica a longevidade de alguns os participantes. "A personalidade, a trajetória profissional e a vida social provaram-se altamente relevantes para a saúde ao longo do prazo", afirma. Em outras palavras: para viver mais é preciso ser preocupado sem ser neurótico, ter um trabalho instigante e desafiador, manter um bom casamento e ter amigos. Poucos e bons amigos são suficientes. Ser popular não faz ninguém ganhar anos de vida.

Fonte: Revista Época.

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