4 Perguntas sobre Segurança e Saúde Ocupacional
Gerente de Qualidade de Vida do Sesi, Antonio Eduardo Muzzi fala sobre Segurança e Saúde Ocupacional.
Qual a diferença entre doenças relacionadas ao trabalho e as ocupacionais?
As doenças ocupacionais são aquelas diretamente ligadas à ocupação laboral do trabalhador (decorrentes das tarefas de sua função), enquanto as relacionadas ao trabalho são mais abrangentes. Incluem as doenças ocupacionais e doenças que não estão relacionadas ao tipo de ocupação laboral, mas aos perigos aos quais os trabalhadores são expostos no trabalho. Por exemplo, doenças respiratórias podem estar ligadas a trabalhadores de ambientes administrativos, mas não necessariamente às atribuições administrativas.
Segundo o INSS, entre os afastamentos relacionados ao trabalho em 2010, 62,33% referiu-se a lesões e traumatismo, 26,43% a doenças do sistema osteomuscular e 3,88% a transtornos mentais e comportamentais. Estudo publicado no American Journal of Industrial Medicine (Barbosa-Branco, Souza e Steenstra, 2011), registrou 3,5 vezes mais afastamentos devido a causas não relacionadas ao trabalho.
Até onde o ambiente físico pode prejudicar a saúde como um todo?
Entre os inúmeros fatores de risco, chama atenção o estímulo do ambiente de trabalho a comportamentos que são sedentários. Estudos recentes demonstram que pessoas mesmo fisicamente ativas no âmbito do lazer, se expostas a mais de duas horas seguidas de inatividade física, têm chances aumentadas de sofrer morte precoce causada por doenças cardiovasculares (infarto agudo do miocárdio, entre outros).
Períodos continuados de inatividade têm relação direta com a produção da enzima lipase pelo pâncreas, que influi no aumento da circunferência abdominal. Neste sentido, algumas corporações fora do Brasil têm adotado mobiliário que permite que seus funcionários intercalem momentos sentados e de pé. Também têm estimulado os trabalhadores para que façam pausas ativas ao longo do dia de trabalho.
É comum espaços onde há uma série de itens inadequados?
O Brasil possui ampla legislação de proteção à saúde do trabalhador relacionada aos perigos do ambiente. Um dos desafios é apoiar as empresas a implementar as recomendações do Programa de Prevenção a Riscos Ambientais. Além dos perigos químicos, biomecânicos, biológicos, há aspectos do ambiente físico associados a estilos de vida de risco e fatores psicossociais.
Algumas empresas oferecem bicicletário, vestiário, escadas e rampas que facilitam os hábitos saudáveis. Os espaços são ambientes de autoexpressão. Portanto, permitir que o trabalhador exponha fotos de familiares ou outros itens pessoais de relevância individual são exemplos de adaptação do ambiente físico visando o bem- estar da força de trabalho.
Como observar a importância da prática de ginástica laboral?
O Sesi acompanha, desde 2010, os impactos de seus serviços voltados para a promoção de saúde do trabalhador, em especial os que focam a promoção de estilos de vida saudáveis em cerca de 2.500 indústrias e 700 mil trabalhadores, cuja amostra é de 1.500 indústrias e 150 mil trabalhadores.
Observamos uma redução de 8,8% na percepção de dores e desconforto ao realizar as tarefas de trabalho; 9% na inatividade física de lazer; e de 2,9% na indisposição para o trabalho. Análise de razão de chances realizada com dados da pesquisa em Estilo de Vida e Hábitos de Lazer dos Trabalhadores da Indústria (2009) mostrou que um trabalhador industrial de uma empresa que oferece ginástica laboral possui 37% mais chances de praticar atividades físicas nas horas de lazer; 26% de ter percepção positiva da saúde; e 14% de se sentir mais disposto ao fim de um dia de trabalho.
Fonte: Revista Proteção
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