Gripe facilita infecção por pneumonia
Nos sete dias mais graves de um surto de influenza, a chance
de a população também ser infectada pela bactéria que causa a pneumonia aumenta
100 vezes, segundo estudo americano. Para especialistas, a coinfecção acontece
devido ao comprometimento dos pulmões.
A população que
sofre uma epidemia de gripe pode elevar o risco de contágio pela bactéria
pneumococo — responsável pela pneumonia — em até 100 vezes. A taxa de
coinfecção é bastante elevada, mas tem uma pequena duração, cerca de uma
semana, segundo estudo publicado hoje na revista científica Science
Translational Medicine. A suscetibilidade da pessoa acometida pela gripe em
desenvolver a infecção bacteriana já é uma velha conhecida da clínica médica,
mas nunca pode ser mensurada para medidas de saúde pública no caso de situações
extremas. Os dados, por muitas vezes mascarados em termos populacionais, foram
calculados com exatidão pela primeira vez por uma equipe de pesquisadores
liderada por Sourya Silva, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Ele
acredita que os resultados poderão ampliar as estratégias em saúde pública para
controlar a propagação da pneumonia pneumocócica, que, em muitos casos, pode
levar à morte.
Estudos
em seres humanos mostram alterações fisiológicas durante a infecção gripal que
propiciam um ambiente mais favorável à instalação do tipo de bactéria que causa
a pneumonia, podendo, inclusive, torná-la mais grave. O artigo publicado hoje
apresenta um modelo computacional de transmissão da pneumonia após analisar
diversas hipóteses sobre os possíveis efeitos de uma infecção anterior de
influenza — vírus mais comum causador da gripe. Os integrantes do estudo
analisaram relatórios epidemiológicos de hospitalizações por pneumonia e
registros semanais de pacientes infectados com a influenza. Os dados foram
coletados em Illinois, no centro-oeste dos Estados Unidos, entre 1989 e 2009, e
possibilitaram à classificação de hipóteses que associavam a transmissão de
ambas as doenças.
A
hipótese destacada pelo modelo matemático é conhecida como impacto de
suscetibilidade. Isto é, aqueles infectados com a influenza são mais
suscetíveis à pneumonia pneumocócica. No pico da “estação da gripe”, a equipe
de Silva afirma que a interação da infecção viral e por pneumococo chega a 40%.
Anualmente, isso significa que entre 2% e 10% das pessoas infectadas com a
gripe tiveram esse fator como uma predisposição ao desenvolvimento da pneumonia
posteriormente. Esse dado seria capaz de justificar porque ainda não tinha sido
possível mensurar essa interação que, em termos anuais, é bastante sutil.
Fonte: Estado de Minas
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