O Inverno chegou e exige cuidado extra com os olhos
Estação mais fria do ano é motivo de preocupação entre
oftalmologistas. Eles alertam que o período pode acentuar riscos para a saúde
ocular, como conjuntivite e síndrome do olho seco.
Exatamente às 2h04 de sexta-feira, o inverno bateu à porta
dos brasileiros. A estação carrega a reboque perigo imperceptível a olho nu. E
nem é preciso esperar o inverno para correr esses riscos, já que no outono eles
têm mostrado suas garras. Não se trata das doenças respiratórias, mas de males
que afetam a saúde ocular, como crises alérgicas e a síndrome do olho seco.
Além disso, os dias nublados e frios servem como gatilho para degeneração da
retina e envelhecimento dos olhos, acelerando, então, a velha conhecida
catarata. Para os especialistas, o período exige cuidados imprescindíveis, caso
contrário, a visão pode sofrer consequências graves, como, em casos extremos, a
cegueira.
Reconhecendo que os males não são causados pelo inverno, mas
acentuados nessa estação mais fria, os oftalmologistas começam a se preparar
para a corrida de pacientes aos consultórios. Quem sofre parece lembrar-se da
especialidade só agora. Isso porque, de acordo com pesquisa feita em 2012, pela
Sociedade Brasileira de Glaucoma, 36% dos brasileiros adultos nunca foram a um
oftalmologista. Mas é quando as temperaturas caem que os olhos pedem socorro.
“Durante o inverno, é preciso estar atento a dois problemas muito frequentes da
visão: a síndrome do olho seco e a conjuntivite. Como a estação costuma ser
mais fria e seca nas regiões Sul e Sudeste, o problema é mais frequente também
nesses estados, como Minas Gerais”, alerta Renato Neves,
cirurgião-oftalmologista, diretor do Hospital de Olhos Eye Care, em São Paulo.
O hábito simples de lavar as mãos, ao longo do dia, também é
importante para evitar contaminação “Além de evitar lugares muito cheios, é bom
evitar levar as mãos aos olhos depois de tocar objetos que outras pessoas já
tocaram. Os vírus da conjuntivite sobrevivem por até 72 horas, sendo suficiente
para espalhar a doença para muito mais gente”, avisa Renato.
Inimigo invisível
Os perigos da estação para os olhos não param por aí. De
acordo com a coordenadora do Laboratório de Pesquisas Aplicadas à Neurovisão da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Caroline Alencar, que atua também
como neurocientista no Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães, o inverno é um
inimigo invisível. Isso porque, sendo a luz uma onda eletromagnética, só uma
parte é visível pelo ser humano, o que seria uma estreita faixa de luz emitida
pelo Sol.
“Enxergamos uma faixa estreita e o resto de luz é composto
por outras ondas, como os raios ultravioletas (UV). O UV é três vezes maior do
que essa faixa”, compara. Caroline explica há três tipos ultravioletas: C,B e
A. O primeiro seria o mais danoso, porém, ele não chega até a Terra por causa
da proteção da camada de ozônio. Já o segundo tipo é responsável pelas
queimaduras na pele, porém, é absorvido em parte pela camada de ozônio.
O tipo A é o que exige atenção. Presente o ano inteiro, o
raio penetra profundamente na pele e nos olhos. Para a oftalmologia é um tipo
perigoso. “No inverno, nossos olhos estão menos protegidos, porque nossa pupila
se dilata, já que os dias são mais escuros. Ao dilatar, mais luzes entram nos
olhos e as pessoas não usam óculos escuros”, avisa. Caroline esclarece que o
tipo A degenera a retina, matando ali as células dessa parte do olho humano.
“Além disso, é um gatilho para a catarata.”
Isso porque os raios causam danos às lentes naturais
oculares, como a córnea e o cristalino. “Os raios aceleram o envelhecimento dos
olhos, causando a catarata. Quando estamos no verão, usamos mais os óculos
porque há mais presença da luz visível. Já no inverno, com dias nublados e
frios, a proteção é esquecida. Isso é um dano em longo prazo que pode causar,
inclusive, a cegueira”, alerta, acrescentando que em lugares onde há neve o
perigo é ainda maior. “O inverno pode dar início a doenças graves que podem ser
percebidas tarde demais”.
Fonte: Estado de Minas
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