Fundacentro lança publicação
sobre assédio moral
A Fundacentro lançou neste
mês uma publicação sobre assédio moral, que reúne os anais do Seminário
“Compreendendo o assédio moral no ambiente de trabalho”. Os textos foram baseados nas conferências
proferidas durante o evento, realizado em 2010, após revisão dos autores.
“Começamos a estudar o
assédio moral relacionado a trabalhadores adoentados no retorno ao trabalho
entre 2008 e 2009, a partir de uma demanda pericial. Depois percebemos que se
tratava de um fenômeno mais amplo. Então fomos atrás de grandes especialistas
para ajudar nesse entendimento. Realizamos uma discussão ampla, que trouxe a
experiência de cada um”, explica a pesquisadora da Fundacentro, Cristiane
Queiroz.
Essas experiências de
especialistas, que são referências no tema, estão presentes na publicação. A
médica psiquiatra Edith Seligmann Silva, professora aposentada da Faculdade de
Medicina da USP, por exemplo, é pioneira dos estudos sobre saúde mental e
trabalho no Brasil. Já Ângelo Soares, sociólogo, pós-Doutor e docente em
Sociologia na Universidade de Quebec a Montreal (UQAM), presidiu o 6º Congresso
Mundial sobre Assédio Moral. Ele traz uma discussão não muito usual no Brasil
sobre o sofrimento das testemunhas.
A obra ainda conta com dois
autores que realizam diversas pesquisas sobre assédio moral. Margarida Barreto,
médica, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
e pesquisadora do Núcleo de Estudos Psicossociais da Dialética
Exclusão/Inclusão Social (NEXIN/PUC/SP); e Roberto Heloani, psicólogo e advogado,
professor livre-docente da Faculdade de Educação da Unicamp.
O entendimento jurídico
sobre o tema também é apresentado na publicação. A questão foi discutida pela
juíza do Trabalho substituta, Candy Florêncio Thomé, mestre em Direito do
Trabalho pela USP e doutoranda pela USP e pela Universidade de Castilla - La
Mancha, Espanha.
Os textos mostram que nem
todo conflito pode ser caracterizado como assédio moral. É preciso haver a
repetição de determinadas situações de humilhação. “É uma forma extrema de violência
com a finalidade de diminuir o outro, humilhar, fazer com que a pessoa desista
ou então com que supere o máximo que pode dar”, explica Cristiane Queiroz, uma
das organizadoras da obra.
A pesquisadora também
destaca que é importante refletir sobre as práticas de gestão no trabalho. A
Fundacentro pesquisa essas questões por meio do projeto “As formas de gestão e
organização do trabalho e suas relações com as violências e o assédio moral no
trabalho”. Este ano as pesquisadoras estão colhendo dados por meio de
entrevistas.
“Temos que lembrar também os
lados invisíveis do assédio moral. Não envolve apenas a questão de cobrança de
metas. Precisamos entender os fatores psicossociais e as várias formas de
assédio que ainda não foram reveladas”, conclui Cristiane Queiroz.
Fonte: Fundacentro
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