1- Expansão
O poder da palavra “impressa” tem duas faces: audiência e influência. Audiência é a capacidade de aglutinar e manter largas parcelas de leitores por longo tempo. Exemplo de grande capacidade de audiência são as revistas dedicadas aos fatos do mundo midiático, com suas fotos e intrigas recorrentes, e a presença constante do que passou a ser chamado usualmente de “celebridades”.
Influência é a capacidade de estabelecer padrões novos de comportamento e de representar uma referência e até mesmo uma tendência de mercado, social ou cultural. Neste momento, a revista mais influente do país, se olharmos com atenção o que acontece ao redor, chama-se Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Antes de qualquer sorriso malicioso, me explico. Você prestou atenção na atual campanha publicitária do Bradesco? O Bradesco passou a se apresentar como o banco “das empresas e dos negócios” (com esta frase junto ao logotipo), enquanto na tela as imagens são de pequenas empresas em busca de “apoio e orientação”. Quando vi o anúncio pela primeira vez, achei que a Pequenas tinha comprado o bancão, e que o pessoal da redação passou a dar expediente na Cidade de Deus. Ao mesmo tempo, um dos três maiores jornais do país, o Estadão, com sua longa história de credibilidade e sucesso, passa a dedicar quase um quarto de seu site a artigos e reflexões sobre... pequenas empresas e grandes negócios! Alguns artigos têm textos e chamadas muito parecidas com os deste site, não por plágio ou cópia, mas porque os temas são os mesmos. Passei a achar que a Pequenas havia comprado também o Estadão e que agora o pessoal da redação se dividia, dando expediente na matriz, a Editora Globo, na Cidade de Deus e no Bairro do Limão. São condições desumanas de trabalho para o Ricardo, a Sandra e um exército de pouco mais que dez guerreiro(a)s.
2- Reflexão
Fernanda Montenegro tem 83 anos. Ao mesmo tempo repudia as palavras “melhor idade”, “octogenário” e “velho”. Uma é absurda, é nesta fase da vida que você vai perdendo a audição, a visão e o paladar; a segunda é “uma brutalidade”, e a terceira é carregada de preconceito e desdém. Aos 83 anos, emenda um trabalho atrás do outro, e vai preencher 2013 com dois filmes, uma novela e a direção de uma peça de teatro sobre Nelson Rodrigues. Pensa no futuro e se preocupa com 2014. Conserva a independência física, moral, mental e financeira. Está criando, junto com os filhos, uma instituição que chama de Instituto de Artes Reunidas. Ao mesmo tempo pousa o olhar sobre aqueles que não tiveram as possibilidades que ela teve e manifesta sua repugnância pelo descaso com a “velhice desvalida”.
Fernanda não evita se expor e afirma: “As pessoas não entendem que cuidar de um idoso é tão importante quanto cuidar de uma criança. Os humanos nem sempre têm uma ideia clara de sua finitude, uma visão de sua falência inevitável, parte obrigatória da existência humana.”
Aos 83 anos, Fernanda faz planos, empreende, sonha, realiza. Quero deixar aqui, com vários meses de antecedência, meu voto para o prêmio Empreendedor do Ano: Fernanda Montenegro. Não adianta o nome de Fernanda não estar na lista preparada por especialistas todos os anos. Se chamado mais uma vez para o júri, darei um voto à parte, e considerarei a ausência do nome de Fernanda na lista como um esquecimento imperdoável.
Já ia me esquecendo: se algum dos projetos falhar, Fernanda montará outra peça, esta com um título que, em si, já é um manifesto: Viver sem Tempos Mortos.
3- Implosão
Andrew Mason, até outro dia influente CEO da maior empresa de compras coletivas do mundo, a Groupon, foi demitido no final de fevereiro. Nada haveria de especial no fato de mais um CEO ser demitido no mundo das empresas de tecnologia, que vivem um momento intenso de dança das cadeiras. Conhecido por seu bom humor, Andrew lotou os meios de comunicação com uma aparente veracidade, fora dos padrões dos habituais comunicados de imprensa.
Fonte: Pequenas Empresas Grandes Negócios
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