O gerúndio é uma das formas nominais do verbo. Por que "formas nominais"? Porque, nessas formas, o verbo pode em certas situações atuar como nome (substantivo, adjetivo ou advérbio).
O gerúndio, aquela forma que termina em "-ndo" (falando, bebendo, partindo, correndo etc), pode ser usado com valor de adjetivo.
Por exemplo: água fervendo (água que ferve)
O gerúndio é usado basicamente para transmitir a idéia de processo, de algo em curso, de algo que dura. O brasileiro exagera no uso do gerúndio, talvez por influência da língua inglesa. Aliás, está na moda uma construção nada elegante: "O senhor poderia estar enviando um fax para nós amanhã". Por que não dizer "O senhor pode enviar um fax para nós amanhã" ? Há exagero nessa combinação do gerúndio a dois verbos; trata-se de um cacoete esquisito. Em Portugal não se ouve esse tipo de construção. O mesmo o gerúndio não é tão corrente como aqui. Lá, em vez de "Estou correndo", diz-se "Estou a correr".
Vamos a uma canção de Gonzaguinha, "Explode coração", em que ele usa o gerúndio de forma extremamente contundente e interessante:
... Eu quero mais é me abrir
e que essa vida entre assim
como se fosse o sol
desvirginando a madrugada
quero sentir a dor dessa manhã
nascendo, rompendo, rasgando
tomando meu corpo e então
eu chorando, sofrendo
gostando, adorando, gritando
feito louca alucinada e criança
eu quero meu amor se derramando
não dá mais pra segurar
explode coração!.
Você viu na letra da canção os versos "Como se fosse o sol / Desvirginando a madrugada". Em Portugal seria "Como se fosse o sol / A desvirginar a madrugada". O gerúndio sugere processo de execução: o sol durante o processo de desvirginar. Isso acontece também com os outros verbos no gerúndio usados por Gonzaguinha: "nascendo", "rompendo", "rasgando", "tomando","chorando", "sofrendo", "gostando", "adorando", "gritando", "derramando".
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