Descoberta traz avanços no controle da asma
Especialistas brasileiros mostram que alguns pacientes com
formas severas da doença não respondem aos tratamentos convencionais por
possuírem alterações no sistema respiratório.
A asma é uma doença
inflamatória crônica que ataca o sistema respiratório, resultando na obstrução
ou, até mesmo, na interrupção do fluxo de ar. A grande maioria das pessoas com
o mal pode controlá-lo com o uso de anti-inflamatórios e broncodilatadores,
geralmente ministrados com a conhecida bombinha de ar.
No entanto, uma porcentagem pequena desses indivíduos, cerca de 5%, não alcança um benefício expressivo com o tratamento, mesmo quando aplicado regularmente. Esse grupo é aquele diagnosticado com a forma mais grave da doença e passa por crises diárias de falta de ar, que, em alguns casos, podem levar à morte. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) se debruçaram por mais de 10 anos em casos clínicos da doença para desvendar as causas da ineficácia das atuais e mais avançadas terapias nesses pacientes para chegar a uma possível alternativa de tratamento.
No entanto, uma porcentagem pequena desses indivíduos, cerca de 5%, não alcança um benefício expressivo com o tratamento, mesmo quando aplicado regularmente. Esse grupo é aquele diagnosticado com a forma mais grave da doença e passa por crises diárias de falta de ar, que, em alguns casos, podem levar à morte. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) se debruçaram por mais de 10 anos em casos clínicos da doença para desvendar as causas da ineficácia das atuais e mais avançadas terapias nesses pacientes para chegar a uma possível alternativa de tratamento.
O
extenso trabalho de pesquisa clínica, realizado pelas equipes do pneumologista
Rafael Stelmach e da patologista Thais Mauad, da Faculdade de Medicina da USP,
mostra que a estrutura de todo o sistema respiratório dessas pessoas se
encontra alterada. As vias aéreas, os alvéolos pulmonares e as bolsas
microscópicas, que compõem o sistema respiratório, são mais enrijecidas e
espessas que o normal. Essas alterações seriam consequência de inflamações
persistentes, ocorridas provavelmente ainda na infância.
A hipótese de
Stelmach era de que se fosse o usado o melhor tratamento em seu nível mais
intenso, dois terços dos pacientes graves conseguiriam manter a doença sobre
controle. A surpresa foi encontrar o resultado exatamente oposto. “Na verdade
aconteceu o contrário. Um terço ficou controlado e os dois terços não. Houve
uma inversão da hipótese. E um controle borderline, isto é, muito próximo do
não controle”, relata Stelmach. Ele comparou então as características coletadas
inicialmente e encontraram uma diferença pouco expressiva entre os dois grupos.
De 30% a 35% dos pacientes que não haviam melhorado continuavam a apresentar
uma capacidade respiratória muito inferior à de quem havia reagido à terapia
como o esperado.
Com
esse resultado, a equipe de pesquisadores partiu para uma outra fase do estudo:
descobrir as causas para a ausência desse controle. Foi feita uma série de
exames e a biópsia dos brônquios de todos os participantes, realizada por
Mauad. “Aqueles que possuem mais músculo na via aérea são os que têm a doença
mais grave, no sentido de que terem muita dificuldade de retornar ao estado de
relaxamento dos músculos para a respiração”, explica a pesquisadora.
Esse
fator corresponde a 30% dos pacientes identificados antes e caracterizados por
uma obstrução fixa. “Foi encontrado que os músculos, os canais que conduzem o
ar dentro dos pulmões, estão mais espessados, engrossados. Mostrando um
componente de um músculo mais doente”, acrescenta Stelmach. Posteriormente, os
cientistas observaram que esse grupo também tem algumas proteínas de
enrijecimento, como o colágeno. “Há um endurecimento real na maior parcela
desses pacientes que tem a obstrução.”
Fonte: Estado de Minas
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